sábado, 7 de fevereiro de 2009

Lisboa Pessoana

Rua dos Douradores:
- Na rua dos Douradores, situa-se o Restaurante Pessoa, restaurante onde Fernando Pessoa almoçava habitualmente.
(1913)





"Saí de casa cedo. Almocei no Restaurante Pessoa, mediante empréstimo de João Correia de Oliveira. Depois fui encontrar-me com o Garcia Pulido na Brasileira do Rossio. Falámos até às 2 1/2. Devido ao advento de alguns indivíduos proprietários, a conversa, atravessando a lei de contribuição predial, descambou em horrorosamente depressiva."

Página de um diário (27.3.1913)
- Escritório.
Bernardo Soares (1933)
"Há momentos, sobretudo nos meios-dias de estio, em que, nesta Lisboa luminosa, o campo, como um vento nos invade. E aqui mesmo na Rua dos Douradores, temos o bom sono."
"Eu mesmo, olhando-os da janela do escritório, onde estou só, me transmuto: estou numa vila quieta da própria provincia, estagno numa aldeola ingógnita, e porque me sinto sou outra vez feliz."
"Penso às vezes que nunca sairei da Rua dos Douradores. E isto escrito, parece-me a eternidade."
Livro do Desassossego.
"E recolho-me, como ao lar que os outros têm, à casa alheia, escritório amplo, da Rua dos Douradores."
"Seja onde estiver, recordarei com saudade o patrão Vasques, o escritório da Rua dos Douradores, e a monotonia da vida quotidiana será para mim como a recordação dos amores que me não foram advindos, ou dos triunfos que não haveriam de ser meus."

Rua da Assunção:

- Café Montanha.
- Número 42, no segundo andar, situava-se a sede da firma Felix, Valladas & Freitas, Ldª. É ai que Fernando Pessoa conhece Ophelia Queiroz. (1919)
- Número 58, 2º direito, situava-se a sede da editora Olisipo. Essa editora era dirigida por Fernando Pessoa e por um primo do poeta (Mário Nogueira de Freitas). (1920-1923)


“Ophéliazinha:

Para me mostrar o seu desprezo, ou pelo menos, a sua indiferença real, não era preciso o disfarce transparente de um discurso tão comprido, nem da serie de “razões” tão pouco sinceras como convincentes, que me escreveu. Bastava dizer-m’o. Assim, entendo da mesma maneira, mas doe-me mais.

Se prefere a mim o rapaz que namora, e de quem naturalmente gosta muito, como lhe posso eu levar isso a mal? A Opheliazinha pode preferir quem quiser: não tem obrigação - creio eu - de amar-me, nem, realmente necessidade (a não ser que queira divertir-se) de fingir que me ama.
Quem ama verdadeiramente não escreve cartas que parecem requerimentos de advogado. O amor não estuda tanto as cousas, nem trata os outros como réus que é preciso “entalar”.

Porque não é franca comigo? Que empenho tem em fazer sofrer quem não lhe fez mal - nem a si, nem a ninguém-, e quem tem por peso e dor bastante a própria vida isolada e triste, e não precisa de que lh’a venham acrescentar creando-lhe esperanças falsas, mostrando-lhe afeições fingidas e isto sem que se perceba com que interesse, mesmo de divertimento, ou com que proveito, mesmo de troça.


Reconheço que tudo isto é cómico, e que a parte mais cómica d’isto tudo sou eu.
Eu-próprio acharia graça, se não a amasse tanto, e se tivesse tempo para pensar em outra cousa que não fosse não fosse no sofrimento que tem prazer em causar-me sem que eu, a não ser por amá-la, o tenha merecido, e creio bem que amá-la não é razão bastante para o merecer. Enfim…


Ahi fica o “documento escrito” que me pede. Reconhece a minha assinatura o tabelião Eugénio Silva.”


Carta de Fernando Pessoa a Ophelia (01.01.1920)
"Era um negócio de Brocas, na Rua da Assunção, 42, 2º: Felix, Valladas Freitas Ldª. Conheci o Fernando no dia em que me apresentei ao anúncio.
(...)
O Fernando não era propriamente empregado da casa. Ajudava o primo na correspondência da firma."
Ophelia Queiroz.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

(...)


Um trabalho de português em que se aplica a escrita e uma forma de incentivo a tal.

Sempre considerei que o meu forte não era a escrita, nem mesmo a interpretação de poemas... e para ser sincera, este trabalho nunca me fascinou muito. Mas ao longo do tempo e tendo em consideração que está em "jogo" uma avaliação, arrisquei e continuo a arriscar. Tento transmitir para aqui algo que eu sinto e que me faz reflectir e outros textos que escrevo aqui são simplesmente porque gosto.

Acho que o mais difícil no meio disto tudo, foi definitivamente o facto de ter que escrever. Mas ao longo deste tempo percebo que através de alguns pensamentos trocados há coisas que até podem ter grandes resultados no final.

No meio deste trabalho gostei realmente do facto de saber que a escrita pode ser desenvolvida e como consequência obter melhores resultados. O mais giro no meio disto tudo é relacionar a matéria das aulas com o nosso quotidiano, apesar de muitas coisas que tenho escritas por aqui não estejam relacionadas com a matéria de aula.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Carpe Diem


Carpe Diem é uma frase em Latim que significa aproveite o momento. É também utilizada como uma expressão para solicitar que se evite desperdiçar o tempo com coisas inúteis e que se deve aproveitar os momentos, sem medo do futuro.

A primeira vez que ouvi esta frase, foi uma amiga minha que me disse. Ela com uma outra amiga minha tinham feito um blog cujo o título era essa frase, na altura não fazia a mínima ideia do que significava, mas depois ela explicou-me. À pouco tempo numa aula de Português também se falou disso, uma breve conversa sobre Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa. A Professora explicou o significado da frase, disse que era uma filosofia de vida. Essa filosofia de vida consiste em aceitar tudo sem grande importância, deixar fluir... É viver o presente sem pensar no que pode acontecer a seguir.

Se a filosofia de vida de Ricardo Reis era Carpe diem então eu sou um semi-heterónimo de Ricardo Reis, por me identificar com a sua filosofia de vida.
Às vezes, pelo que vejo que o que acontece a algumas pessoas e por tudo aquilo que vejo acontecer a minha volta, tento e quero ao máximo aproveitar esta vida. Quem nos deu esta vida, não nos há-de dar mais nenhuma.
Tenho apenas 17 anos, não tenho grande experiência de vida mas acho que esta é a melhor altura para vivermos as melhores coisas da vida (ou talvez seja os anos da faculdade).
Algum deste discurso pode ser considerado duma pessoa que tenha uma vida boémia, mas no entanto para além de uma vida boémia também tenho uma vida normal de uma estudante. E por isso estou aqui a escrever, por isso hoje tenho este blog.
Com este blog comecei a descobrir coisas novas...
Ao longo deste texto e de entre algumas coisas que penso, posso concluir que a vida deve ser aproveitada como a força duma tempestade.
O tema escolhido para falar neste blog: a água. Penso que quando o escolhi foi por me identificar demasiado com o mar e com a praia e foi a primeira coisa em que pensei. Agora descubro que não é só o mar e a praia. Identifico me também com a força de uma tempestade, e é com essa força com que aproveito a vida e os dias como se fossem os últimos da minha vida!

Uma visita de estudo ao Pavilhão do Conhecimento...


Dia 28 de Janeiro de 2009

Saída da escola por volta das 15 horas, dirigimo-nos ao metro e já se fazia sentir alguma chuva. Mas chegados ao Parque das Nações a chuva já tinha parado. A visita não foi muito longa. A exposição que estava no Pavilhão do Conhecimento chamava-se "Matemática Viva".
O mais complicado foi mesmo a entrada, estivemos algum tempo cá fora à espera para entrar.
16h30, 17h00 foi a hora aproximada a que demos saída do Pavilhão do Conhecimento. Foi ai à saída que a professora de desenho nos propôs desenhar. Mas devido ao mau tempo que tem estado, naquele momento também começou a chover. Mudamos então de local e num local bem virado para o rio Tejo ficamos ali a desenhar.

Houve um momento em que estava a desenhar, em que não me importava de ficar por ali por algumas horas. Estava deitada a olhar para o rio Tejo, sinceramente estava mais pensativa do que propriamente concentrada no desenho, apesar de estar a desenhar para onde estava a olhar.

Acho que o meu dia deu se como terminado depois de ter apanhado o autocarro para a Moita, na gare do Oriente, depois de um lanche com as miúdas, um lanche também para celebrar os 18 anos da Maria. Mas quando ainda estávamos no oriente houve um outro momento que também não me importava de ficar ali, durante algum tempo... Estava numa varanda do Vasco da Gama a fumar o meu cigarro e estava a começar a pingar... A sensação dos pingos de chuva a cair na minha cara. Por vezes isso pode se tornar numa sensação única...tal como eu estava a sentir naquele momento...
Há dias em que pequenos momentos se tornam em sensações demasiado importantes para cada pessoa!