Chuva? Gotas como bagos,
Dispersas, dando no chão,
Sem aqueles bons afagos
Que a chuva faz sem estragos,
Lágrimas sem coração…
Chuva? Não. Tormenta falha.
Trovoada que o não foi.
É como quando a alma ralha
Com a sorte que lhe calha,
E nem a sorte lhe dói.
Chuva? O meu desassossego…
A intranquilidade inerte
Que me torna quem me nego…
Chuva? Entorpeço e renego.
Que mágoa em mim me converte?
Fernando Pessoa, 20.5.1932
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